"Nunca vi um livro assim, que fala das crianças que nem criança", diz a paulista Giovana Menezes Veronez, a menina da foto, do alto de seus 10 anos de idade.
O livro que chamou sua atenção - e que ela leu em cinco dias - é o Manual da Criança Caiçara, de Marie Ange Bordas (Editora Peirópolis, R$ 34). Não é qualquer livro: produzido pela jornalista, em parceria com a Associação de Jovens da Juréia, no litoral Sul de São Paulo, trata-se de um projeto colaborativo. Foi escrito a partir do olhar das próprias crianças de comunidades caiçaras, que vivem na região costeira do estado paulista.
Falta de material didático sobre a cultura caiçara foi o ponto de partida para o projeto.
O texto é da autora, que teceu um mosaico sobre brincadeiras, causos, comidas, artesnato tudo o que compõe o jeito de viver de quem está na Juréia, em um texto fácil de ler. Mais de 10 crianças colaboraram, com desenhos, papos e fotografias.Marie Ange criou diversas fotocolagens para ilustrar as histórias do livro e diz que se inspirou na própria garotada para criar momentos de ficção: no livro, há um capítulo chamado "Caderno do Lucas", que traz as idéias do menino Lucas Gabriel, entendedor de peixes e outros bichos da mata local.
Sobre o processo colaborativo, Marie Ange lembra que não foram as pessoas a escrever. Porém, sua atuação foi mais como mediadora. "Como artista funciono num primeiro momento mais como um agente provocador que instiga as pessoas a enxergarem a riqueza de seu dia a dia e de forma informal, vou costurando e dando novas formas a esta riqueza", diz ela, que continua: "Em um segundo momento, me beneficio da minha inserção social e profissional para servir de interlocutora entre mundos que, infelizmente, nem sempre dialogam".
Coloquei essas frases com destaque, porque eis a alma de um trabalho colaborativo que é um desafio, quando não é possível com que as pessoas de um lugar escrevam com suas próprias mãos um livro, um jornal, um video. Tendo um olhar como o da autora, que respeita os saberes locais e coloca o seu talento de escritor, de artista, a serviço destes saberes, o resultado pode ser bastante positivo.
E em tempos que se fala tanto de educomunicação, vale a pena pensar não somente em oficinas pra ensinar as pessoas a participar de programas de rádio ou fazer jornais e blogs, mas investir, também, em projetos colaborativos para materiais didáticos que tragam o ponto de vista dos próprios comunitários, e atraiam crianças como Giovanna pra conhecer um mundo do qual ela faz parte, mas não participa por ser uma realidade aparentemente distante.
Só aparentemente. Que o grande barato do livro é mostrar a garotada brincando em um cotidiano muito parecido com o de muitas outras crianças do Brasil...
O livro que chamou sua atenção - e que ela leu em cinco dias - é o Manual da Criança Caiçara, de Marie Ange Bordas (Editora Peirópolis, R$ 34). Não é qualquer livro: produzido pela jornalista, em parceria com a Associação de Jovens da Juréia, no litoral Sul de São Paulo, trata-se de um projeto colaborativo. Foi escrito a partir do olhar das próprias crianças de comunidades caiçaras, que vivem na região costeira do estado paulista.
Falta de material didático sobre a cultura caiçara foi o ponto de partida para o projeto.
O texto é da autora, que teceu um mosaico sobre brincadeiras, causos, comidas, artesnato tudo o que compõe o jeito de viver de quem está na Juréia, em um texto fácil de ler. Mais de 10 crianças colaboraram, com desenhos, papos e fotografias.Marie Ange criou diversas fotocolagens para ilustrar as histórias do livro e diz que se inspirou na própria garotada para criar momentos de ficção: no livro, há um capítulo chamado "Caderno do Lucas", que traz as idéias do menino Lucas Gabriel, entendedor de peixes e outros bichos da mata local.
Sobre o processo colaborativo, Marie Ange lembra que não foram as pessoas a escrever. Porém, sua atuação foi mais como mediadora. "Como artista funciono num primeiro momento mais como um agente provocador que instiga as pessoas a enxergarem a riqueza de seu dia a dia e de forma informal, vou costurando e dando novas formas a esta riqueza", diz ela, que continua: "Em um segundo momento, me beneficio da minha inserção social e profissional para servir de interlocutora entre mundos que, infelizmente, nem sempre dialogam".
Coloquei essas frases com destaque, porque eis a alma de um trabalho colaborativo que é um desafio, quando não é possível com que as pessoas de um lugar escrevam com suas próprias mãos um livro, um jornal, um video. Tendo um olhar como o da autora, que respeita os saberes locais e coloca o seu talento de escritor, de artista, a serviço destes saberes, o resultado pode ser bastante positivo.
E em tempos que se fala tanto de educomunicação, vale a pena pensar não somente em oficinas pra ensinar as pessoas a participar de programas de rádio ou fazer jornais e blogs, mas investir, também, em projetos colaborativos para materiais didáticos que tragam o ponto de vista dos próprios comunitários, e atraiam crianças como Giovanna pra conhecer um mundo do qual ela faz parte, mas não participa por ser uma realidade aparentemente distante.
Só aparentemente. Que o grande barato do livro é mostrar a garotada brincando em um cotidiano muito parecido com o de muitas outras crianças do Brasil...
Comentários
A cultura caiçara é maravilhosa e como toda tradição está se perdendo nas novas gerações. Parabéns para a autora do livro e prá quem divulgou tb! E que bom que uma criança da cidade tb gostou do livro! Viva a cultura! e viva a cultura caiçara!